quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Quem não se sente não é filho de boa gente


Quero fugir de um senhor
Esse senhor chama-se de amor
Aquele a quem o coração me prende
Mas não julguem que ele facilmente se rende

Quero fugir de um senhor
Esse senhor chama-se de amor
O mesmo que se julga inteligente
Até porque não é qualquer um que se pode chamar de gente

Quero fugir de um senhor
Esse senhor chama-se de amor
Não muito contente
Sabe que dos dois sou eu quem mais se sente

Quero fugir de um senhor
Esse senhor chama-se de amor
Na ficção é ele quem vence
Na vida real é ele quem se surpreende

domingo, 26 de novembro de 2017

Sentimento de culpa



O melhor seria eu não ter nascido
Sei de cor e salteado, o ocorrido
Num abrir e fechar de olhos, dei uma de destemido
Acabaram por cair no chão já todos mortos, sem soltarem um único gemido
O melhor seria eu também ter morrido
(Sem soltar um único gemido)

É assim que eu me apresento
Um ser com temperamento sereno
Gosto de apalpar bem o terreno
Para mais tarde não ter de provar do meu próprio veneno
Mas ninguém consegue ser fiel a si mesmo a todo momento
Principalmente se colocarem em risco a vida das pessoas que eu mais venero
Aí é mentira quando eu digo que não vão levar com todo meu desprezo
Vou ter de manter o fogo aceso
Para o caraças que eu preciso de um trevo
Quando eu tenho comigo o Deus supremo
É dele que eu temo!
Se eu tiver uma pedra de gelo no lugar do coração
Que é feito do seu belo perdão?
Se gostássemos todos do mesmo que era feito do amarelo?
Às vezes é necessário quebrar o elo
Para assim, fazer justiça com as nossas próprias mãos

O melhor seria eu não ter nascido
Sei de cor e salteado, o ocorrido
Num abrir e fechar de olhos, dei uma de destemido
Acabaram por cair no chão já todos mortos, sem soltarem um único gemido
O melhor seria eu também ter morrido
O melhor seria eu também ter morrido
(Sem soltar um único gemido)
O melhor seria eu também ter morrido
O melhor seria eu também ter morrido
(Sem soltar um único gemido)

Morrido, esqueçam o meu apelido
Como é que eu pude pensar que algum dia poderia ser reconhecido
Neste caso eu fui mas de um modo negativo
Ao salvar o amor tornei-me num fugitivo
Isso acabou por trazer à tona o meu lado emotivo
Em qualquer esconderijo acordo sobressaltado por julgar que estou a levar um tiro
Muitos julgam que isso é giro
Aquilo que tenho a dizer é que eu não desejo algo assim nem ao meu maior inimigo
Que todo crime acarreta o seu castigo
Que sou firme diante do precipício
A meu ver tornou-se num vício
Quem me dera dizer que isto é o fim mas estou ainda agora no início
Porque se eu não tenho coragem de cometer suicídio
Eu só posso cá ficar para ser acusado de homicídio
Bem como, ir parar à prisão a ver o sol aos quadradinhos
No seu interior, reconhecer a minha alma aos pedacinhos

O melhor seria eu não ter nascido
Sei de cor e salteado, o ocorrido
Num abrir e fechar de olhos, dei uma de destemido
Acabaram por cair no chão já todos mortos, sem soltarem um único gemido
O melhor seria eu também ter morrido
O melhor seria eu também ter morrido
(Sem soltar um único gemido)
O melhor seria eu também ter morrido
O melhor seria eu também ter morrido
(Sem soltar um único gemido)

Sim
Digam que eu também deveria ter morrido naquele dia fatídico
Digam que eu também deveria ter morrido por esse meu acto ilícito
Digam que eu também deveria ter morrido tudo por estudar a fundo o livre arbítrio
Senão eu juro que nunca mais vou conseguir olhar para a minha cara
Senão eu juro que vou ter de viver o resto da minha vida agarrado a uma cabra de uma máscara
Senão eu juro que vou ficar louco ao ponto de todo santo dia gritar bem alto, abracadabra!
Então eu só quero e espero que a justiça seja feita
Como dizer, quem brinca com o fogo se queima
Perigo à espreita
Não há saída de emergência
Por outras palavras, indulgência
Para alguém que perde facilmente a paciência
Que desconhece que violência só gera mais e mais violência
Então ao que parece só me resta dizer adeus a toda minha existência
Deixar-me comer pela sonolência
Prometo não levar insolência para residência
Não tenho motivos para tal quando tive a decência de perder a inteligência digna da minha essência

O melhor seria eu não ter nascido
Sei de cor e salteado, o ocorrido
Num abrir e fechar de olhos, dei uma de destemido
Acabaram por cair no chão já todos mortos, sem soltarem um único gemido
O melhor seria eu também ter morrido
O melhor seria eu também ter morrido
(Sem soltar um único gemido)
O melhor seria eu também ter morrido
O melhor seria eu também ter morrido
(Sem soltar um único gemido)


sábado, 25 de novembro de 2017

Qual o meu lugar?


O beijo
Que há muito pensava em te regalar
Já não o vejo
Tudo porque alguém acabou por ocupar o meu lugar
Por culpa deste jogo do vou ou não vou
Nem percebi que estava a perder um diamante enquanto coleccionava pedras
Agora pago ao te ver de braço dado com ele
Acredita que a minha vontade é de desaparecer
Quando eu caminho pela rua vejo o amor no ar
Quando eu caminho pela rua percebo que sou o único que não tem alguém para amar
Eu não quero saber se ficam ou não a cantar vitória
Eu só quero saber onde fico no meio desta história

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

É tudo preto no branco



Quem não está comigo, está contra mim
Contra mim, contra mim
É tudo preto no branco
Considerem-se incluídos na minha lista negra
A menos que o vosso animal de estimação predilecto seja uma zebra

É tudo preto no branco quando vos digo que nesse mundo sou tudo menos, um anjo
Não sei qual é o espanto, desde cedo que deviam saber como é que eu ando
Se não sabem deviam saber que eu estou estendido algures num canto
Se não sabem deviam saber que nesse mesmo momento me levanto
Se não sabem deviam saber que ao mesmo tempo morreu todo meu pranto
Sabem que mais? Que se dane todo encanto! Agora vão ver o meu lado malvado
É tudo preto no branco quando vos digo que nesse mundo sou tudo menos, um anjo
É tudo preto no branco quando vos digo que nesse mundo sou tudo menos, um anjo
É tudo preto no branco quando vos digo que nesse mundo sou tudo menos, um anjo
Não sei qual é o espanto, desde cedo que deviam saber como é que eu ando
É tudo preto no branco

É tudo preto no branco quando vos digo que nesse mundo sou tudo menos, um anjo
É tudo preto no branco quando vos digo que não tenho possível arranjo
Por isso procurem outro marmanjo para fazer de manto
Eu agora estou mais focado em viver uma vida de pirata manco ao estilo capitão gancho
Bem podem esperar sentados no mais próximo banco
Porque não vai haver mais qualquer avanço
O único que era para ter sucedido já deu o seu eterno descanso
Agora podem ver o Diabo no comando a afogar o ganso
A acompanhar, o meu Tadeu todo inteiriçado
Por uma vez na vida, estou a reconhecer-me amado
Mas era suposto eu ficar babado?
Não era suposto mas eu vou fechar os olhos ao passado
Além disso tenho aqui só para mim um pedaço de mau caminho

É tudo preto no branco quando vos digo que nesse mundo sou tudo menos, um anjo
Não sei qual é o espanto, desde cedo que deviam saber como é que eu ando
Se não sabem deviam saber que eu estou estendido algures num canto
Se não sabem deviam saber que nesse mesmo momento me levanto
Se não sabem deviam saber que ao mesmo tempo morreu todo meu pranto
Sabem que mais? Que se dane todo encanto! Agora vão ver o meu lado malvado
É tudo preto no branco quando vos digo que nesse mundo sou tudo menos, um anjo
É tudo preto no branco quando vos digo que nesse mundo sou tudo menos, um anjo
É tudo preto no branco quando vos digo que nesse mundo sou tudo menos, um anjo
Não sei qual é o espanto, desde cedo que deviam saber como é que eu ando
É tudo preto no branco

Quanto é que eu tenho de vos prendar para me largarem a braguilha?
Não sei se já vos disseram mas o vosso cérebro é mais minúsculo que uma ervilha
O vosso prato do dia é a mulher gato e o meu é a mulher maravilha
Parece que foi feito à minha medida!
Só é pena não compartilharmos do mesmo ponto de vista
Em vez de vos salvar a pele prefere partir à conquista
Quando ladram, ordena que baixem a crista
Mas que pinta, isso é que é de artista!
Nem o nosso romance faz assim tanta faísca
Quando faz, um de nós vai comer uma isca
Por isso é que o povo tanto nos chipa
Mais ainda, quando me viro para ti e te digo, eu dou-te a tripa e tu dás-me a chicha
Resolvam de uma vez essa vossa história de amor maldita
Não tenho culpa que nunca vos tenha calhado na rifa uma afrodita
Tem que ser mais esbeltos e atrevidos para não terem uma triste sina
Mas se querem que vosso namoro caia na rotina
Ou que a Gina vá embora então digam, vá Gina!
Acontece que tem de optar por levarem o meu coração à ruína
Não vos basta terem um carro topo de gama conhecido por causar grandes momentos de adrenalina
Se tem vergonha nessa vossa fronha vão mas é apanhar conchas à cochinchina
De preferência uma visita que tenha ida
Mas que ao contrário de muitas outras que conheço, sem vinda
Ainda aqui?

É tudo preto no branco quando vos digo que nesse mundo sou tudo menos, um anjo
Não sei qual é o espanto, desde cedo que deviam saber como é que eu ando
É tudo preto no branco

Quem não está comigo, está contra o meu umbigo
Contra o meu umbigo, contra o meu umbigo
É tudo preto no branco
Considerem-se incluídos na minha lista negra
A menos que o vosso animal de estimação predilecto seja a zebra

Tenho em mãos um caderno
Com ele posso mandar quem eu quiser para o inferno
Companheiros, estamos no inverno!
Esse gesto vale por uma dúzia de aguaceiros
Sei que querem ser os primeiros a receber da minha parte, um abraço terno
Cheguem-se mais perto, são só uns quantos beijos
Aceitam-se todas vossas virtudes e defeitos
Cruzes, estes miúdos são tão feios!
Gostava de ter a oportunidade de lhes dizer que tenho outros meios
Mas agora de repente lembrei-me que levei a sua ofensa muito a peito
A prova é que só consigo comer pastilhas de menta
Hoje só consigo ir para a cama de consciência tranquila se antes tiver feito a posição sessenta e nove
Comigo tem que ser tudo à grande e à francesa
Se for para mostrar toda minha destreza
Então que seja numa grande empresa
Eu a mandar em toda gente sem ter de me reconhecer uma presa
Quero que me possam dar todo e algum tempo de antena
Que ele nunca dependa da doença da ampulheta
Senão eu juro por tudo que faço uma puta de uma careta
Acreditem que esta vai merecer uma estatueta
Por sinal mais emotiva que a diva do Romeu, Julieta

É tudo preto no branco quando vos digo que nesse mundo sou tudo menos, um anjo
É tudo preto no branco quando vos digo que nesse mundo sou tudo menos, um anjo
É tudo preto no branco quando vos digo que nesse mundo sou tudo menos, um anjo
Não sei qual é o espanto, desde cedo que deviam saber como é que eu ando
É tudo preto no branco


Queres vencer?


Queres vencer?
Muda a tua postura!
Por muito que isso te possa doer
Sabes que está mais que na altura

Queres vencer?
Torna-te uma pessoa adulta!
Percebe que estamos sempre a aprender
Que errar não é vergonha nenhuma

Queres vencer?
Vai à luta!
Se uma vez mais deres por ti a perder
Para e escuta!

Queres vencer?
Não te volto a fazer esta pergunta
Até porque a meu ver
Já sou capaz de escutar, Hip hip hurra!

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Se eu não tiver o teu amor


Se eu não tiver o teu amor
Diz-me, como posso viver?
É o teu amor
Que faz o meu coração bater
Se eu não tiver o teu amor
Eu não posso ser um senhor feliz
Eu só posso ser um senhor cheio de rancor
À procura daquilo que sempre quis
Que a meu ver me faz ser maior que o horizonte
Maior que a ponte 25 de Abril
Um amor que teima em não me querer sorrir
Mas se eu tiver o teu amor
Hoje é o meu dia de sorte, amor
Tu sabes que esperar nunca foi o meu forte, amor
Por isso hoje foste certinha, amor
Apareceste na minha casa bem de manhãzinha, amor
Se tu soubesses a autoridade que tem a tua visita em mim
Não se explica mas sente-se a cada vez que te aproximas de mim
Que levas a mão ao meu interior e me dizes
Se eu não tiver o teu amor
Amor, a minha vida para mim não tem qualquer sabor

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

As minhas mãos no fogo


De novo
Agi como um tolo
Caí num engodo
Agora, com sérias dificuldades em chegar ao topo

Aos olhos do povo
Um rei nunca abandona o seu posto

Tu disseste, vou abrir o jogo!
Mas ocultaste que o teu coração era afectuoso
Tu disseste, vou abrir o jogo!
Eu pus as minhas mãos no fogo
Para na volta acabar morto
Eu pus as minhas mãos no teu todo

No meu querido mês de Agosto
O meu ser já se encontrava recomposto
Pensava eu, sucedeu o oposto
Essa jóia de África beijou-me o rosto

Aos olhos do povo
A regra é, rei morto, rei posto
Quem manda é o povo
Um rei nunca abandona o seu posto

Tu disseste, vou abrir o jogo!
Mas ocultaste que o teu coração era afectuoso
Tu disseste, vou abrir o jogo!
Eu pus as minhas mãos no fogo
Para na volta acabar morto
Eu pus as minhas mãos no teu todo

Tu disseste que era só amizade
Tu disseste que por muito que quisesses não tinhas outra capacidade
Eu para variar fiz-te a vontade
Resumindo, minha majestade
Deste-me um chuto no rabo
Levaste todo meu reinado a cabo
Tudo isso aconteceu porque eu tive um fraco
Em vez de me enfiar num buraco eu acabei por me envolver no teu abraço
Com certeza não estamos colocados no mesmo saco
Tu conseguiste o que eu nunca consegui que era deixar um íntimo num caco
O que me leva a crer que eu não sou um homem que se apresente mas sim um rato

Aos olhos do povo
Um rei nunca abandona o seu posto

Tu disseste, vou abrir o jogo!
Mas ocultaste que o teu coração era afectuoso
Tu disseste, vou abrir o jogo!
Eu pus as minhas mãos no fogo
Para na volta acabar morto
Eu pus as minhas mãos no teu todo

Com certeza não estamos colocados no mesmo saco
Tu conseguiste o que eu nunca consegui, deixar um íntimo num caco
O que me leva a crer que eu não sou um homem que se apresente mas sim um rato
Para na volta acabar morto
Eu pus as minhas mãos no teu todo

Com certeza não estamos colocados no mesmo saco
Tu conseguiste o que eu nunca consegui, deixar um íntimo num caco
O que me leva a crer que eu não sou um homem que se apresente mas sim um rato
Para na volta acabar morto
Eu pus as minhas mãos no teu todo

Prisioneiro



Eles olham para mim como se eu tivesse faceta de súper herói
Lamento mas não posso salvar o planeta
Porque isso é algo que se constrói
Porque isso me dói
Logo a última coisa que vou conseguir hoje é bater uma bela de uma punheta
Dá menos trabalho!
Eu sei que falei que ia meter o passado numa gaveta
Mas foi tudo peta
Porque eu sou uma carta fora do baralho
Por outras palavras, um belo de um escravo
Em todo lado não tenho a vida devida
Quando penso em assumir uma lida vem meter o dedo na ferida
Isso revela uma extrema falta de confiança
O mais engraçado é que depois contradizem-se ao dizerem que eu já não sou nenhuma criança
Em que é que ficamos?
Posso ou não assumir a liderança?

Desde pequenino, leitor de histórias de banda desenhada
O que é que eu fazia no recreio? Pois bem, jogava à apanhada
Mas não os conseguia algemar
Mas não os conseguia
Apenas quebrar os dedos dos palmos e dos pés
Consegui apanhá-los de lés a lés
Pela primeira vez, acreditar em mim próprio
Num momento em que considerei esse, um feito ilusório
Deve estar algum santo para cair do altar
Finalmente fico à frente numa foto de turma
Escusam de abrir a urna
Tenho saúde para dar e vender
Simplesmente tenho a coluna toda torta
Já deu para perceber que preciso de me encontrar em forma
É por essa mesma razão que me inscrevi no ginásio
Sabem, é o que é suposto fazer quando se tem falta de cálcio
Já não é novidade para ninguém que eu não suporto o desrespeito
Para gente que o desempenha não basta um peido
É preciso tomar medidas drásticas
Dar marretadas atrás de marretadas ao ponto de terem de recorrer a cirurgias plásticas
Querem festa? Pois bem, é isso mesmo que vão ter
Não como gelados com a testa
Sei bem que estão a fazer de tudo para me entreter
Boa tentativa, sou Tarzan, o rei da selva
O que tem grande grito, Oooooooooh!
A minha cabeça é um autêntico chiqueiro
Do jeito que nem sai tudo no chuveiro
Tenho que me ficar sempre pela metade
Para mim não existem dias de bonança mas sim de tempestade
Desde que acordo até que me deito sou a prova de que nada nesse mundo pode ser perfeito
Ainda estou a conhecer-me
Não julguem que é da noite para o dia
Mas fica difícil com toda minha nítida rebeldia
Que não muda nem com a idade
Mas pensando bem isso é da minha inteira responsabilidade

Eles olham para mim como se eu tivesse faceta de súper herói
Lamento mas não posso salvar o planeta
Porque isso é algo que se constrói
Porque isso me dói
Logo a última coisa que vou conseguir hoje é bater uma bela de uma punheta
Dá menos trabalho!
Eu sei que falei que ia meter o passado numa gaveta
Mas foi tudo peta
Porque eu sou uma carta fora do baralho
Por outras palavras, um belo de um escravo
Em todo lado não tenho a vida devida
Quando penso em assumir uma lida vem meter o dedo na ferida
Isso revela uma extrema falta de confiança
O mais engraçado é que depois contradizem-se ao dizerem que eu já não sou nenhuma criança
Em que é que ficamos?
Posso ou não assumir a liderança?

Para quem desconhecia eu tenho uma meta
Tornar-me num famoso poeta
Eu podia dizer que é ela que se injecta
No meu coração, também tenho culpas no cartório
Todo santo dia enfiado no escritório
Está fora de questão ir espairecer lá para fora
Isso inclui eu ter de aparecer
Logo eu que sou um sujeito mega discreto
A mim pouco me desperta o interesse de ter dezenas de paparazzi por perto
Há uma velhinha de bengala prestes a atravessar a estrada
Quem me dera poder dizer que a pobre é atirada
Mas infelizmente encontra-se delicada
De um lado tenho o anjo que me diz que eu mereço estar no campo de Anbu
Do outro, o diabo que se ri na minha cara e me diz para dar à sola
Lamento, mas estou cansado de jogar consola
Eu até podia dizer que é tudo por amor à camisola
Mas o futebol é um desporto que não se encontra nos meus planos
11 homens a correrem atrás de uma bola ao sol e ao frio, mas onde é que já se viu?
Se há coisas nessa vida sem sentido, essa é uma delas
Esta é para os que dizem que sem sentido é acordar de manhã sem lavar a cara bem como tirar todas as ramelas
Pela última vez, eu não sou da zona de Odivelas!
Já me doem as canelas
Sou do Lumiar com muito gosto
Quem não se estiver a sentir bem pode ir lavar a buceta
Estou cheio de mágoa porque estava a dormir
Quando vieram acordar-me com um balde de água fria
Ganharam, já podem ter a minha estátua erguida na vossa terrinha

Eles olham para mim como se eu tivesse faceta de súper herói
Lamento mas não posso salvar o planeta
Porque isso é algo que se constrói
Porque isso me dói
Logo a última coisa que vou conseguir hoje é bater uma bela de uma punheta
Dá menos trabalho!
Eu sei que falei que ia meter o passado numa gaveta
Mas foi tudo peta
Porque eu sou uma carta fora do baralho
Por outras palavras, um belo de um escravo
Em todo lado não tenho a vida devida
Quando penso em assumir uma lida vem meter o dedo na ferida
Isso revela uma extrema falta de confiança
O mais engraçado é que depois contradizem-se ao dizerem que eu já não sou nenhuma criança
Em que é que ficamos?
Posso ou não assumir a liderança?

sábado, 18 de novembro de 2017

Há outros caminhos



Há outros caminhos
Esta é para os que dizem que todos os caminhos vão dar a Roma
Há outros caminhos
Chegou a hora de acordar do coma

Quando eu era pequenino perguntaram-me o que em grande eu queria ser
Ao contrário das outras crianças eu não sabia bem o que dizer
A meu ver, essa era uma pergunta inconveniente
O ser humano tem de estar sempre a estragar o bom ambiente
Porque não posso simplesmente viver o presente?
Vê-se mesmo que não fazem a mais pequena ideia de que eu sou um homem que nada sente
Se eu ao menos tivesse caído de pára-quedas
Eu conseguiria ter o mesmo pensamento que o dos meus colegas
De que nessa vida nem tudo é tão mau quanto parece
Lamento se sou incapaz de dar azo à liberdade
Mas é que eu tenho um fraco pela ansiedade
É por isso mesmo que a minha existência tem sido marcada por uma data de desistências
Porque eu acredito que a vida deve ser vivida de reticências

Há outros caminhos
Esta é para os que dizem que todos os caminhos vão dar a Roma
Há outros caminhos
Chegou a hora de acordar do coma

Os professores não entenderam que eu precisava de amadurecer
Eu não queria fazer uma declaração apenas por fazer
Em primeiro lugar eu tinha que experimentar
Para na volta acabar por esquentar
Vou para a natação com o objetivo de endireitar a coluna
Mas o meu coração afunda
Vou para a segurança máxima onde no simulador a única coisa que consigo é rezar o terço da nossa senhora de Fátima
Vou para o curso de línguas e humanidades para escapar das ciências exactas
De pensar que algum dia viria de malas e bagagens
É caso para dizer que eu devo estar a ter miragens
Tenho cá dentro um amor mal resolvido
Que me impede de ser bem-sucedido
Sonhar não custa nada
O meu sonho é tão real
Vou fazer-me à estrada
Tenho um ponto cardeal
Deram-me a opção de recepcionista de hotel
Opçãoque não podia se ter revelado mais amarga que o fel

Há outros caminhos
Esta é para os que dizem que todos os caminhos vão dar a Roma
Há outros caminhos
Chegou a hora de acordar do coma

O que importa é não nos darmos por vencidos
Ainda que os nossos inimigos peçam para que chova
Temos que mostrar que nascemos para sermos aquecidos
Que não há chuva que seja que nos demova

Logo no primeiro dia o meu desejo era de desaparecer
Engraçado que foi isso mesmo que acabou por acontecer
A professora queria que os alunos fizessem trabalhos de grupo
Como sabem não papo grupos
Quando me reconheço ameaçado eu sou bruto
Para não bater em ninguém decidi antes bater com a porta
Voltei à estaca zero
No centro qualifica vi a minha velha professora de geografia
Foi quando me veio à mente a imagem da minha péssima caligrafia
Mais um pouco e eu estava a viver tudo de novo
Estava a dar-se o renascimento de um estorvo
João Braga - Sou eu mesmo em pele, carne e osso
À semelhança do ano anterior fiquei assentado ao fundo
Bem como, sem quaisquer tipos de assuntos
Nos dias em que vou limpar chaminés tenho os pés bem assentes na terra
O medo venceu a batalha mas não é por isso que pode ganhar a guerra
Quando parecia que já nada havia apercebi-me que ainda tinha a escrita
É quando eu digo que não valho um pataco que ela me grita
Que ao mesmo tempo a escrita me dá chapadas para eu acordar para a vida
Isso era bom se eu tivesse comigo um pouco de ânimo
Desde que me conheço que nunca me achei um homem romântico
Porque sempre que eu fico feliz acontece qualquer coisa ruim
Por alguma razão se costuma dizer que aquilo que ninguém sabe ninguém estraga
Talvez seja essa a solução para me tornar num segundo Pedro Chagas Freitas
Desejo ir para além de frases feitas
Falar algo rápido mas certeiro que não levante suspeitas
Já lá vão uns tempos em que eu era um tipo às direitas
Se repararem bem eu escrevo com aquela mão que me dá mais jeito, a esquerda
Quem sabe se não é por isso mesmo que nos dias de hoje sou um homem feito, engoli muita perda

Há outros caminhos
Esta é para os que dizem que todos os caminhos vão dar a Roma
Há outros caminhos
Chegou a hora de acordar do coma

O essencial é não nos darmos por vencidos
Ainda que os nossos inimigos peçam para que chova
Temos que mostrar que nascemos para sermos aquecidos
Que não há chuva que seja que nos demova

Se formos por outros caminhos, podemos encontrar a saída
O importante é não desistirmos, tudo na vida tem uma razão de ser
Se cairmos, de seguida rirmo-nos
O que é para ser da gente, ninguém nos tira




quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Não quero ser uma sombra do que eu era



















Amor ferido
Por favor, olha para mim quando estou a falar contigo
Se não olhares, eu vou supor que me vês como um perigo
É verdade que fiquei com os nervos à flor da pele quando percebi que o teu ser estava desprotegido
Acho que foi o medo de te perder que me transformou num assassino
Estou preparado para pagar com o castigo divino
Faço tudo pelo teu sorriso
Amanhã será tudo distinto daquilo que foi hoje
Nessa vida não há mais nada que me enoje do que ser aquilo que não sou
Para mim acabou

Vou-te livrar de morte certa com um sério aviso

Isto de fazerem mal às pessoas que eu amo está a dar cabo de mim
Eu estou aqui
Deixem-na ir
Prometo-vos que se o fizerem não será mais o vosso fim
Ficamos assim
Eu e o meu amor, a comemorarmos o dia de são Valentim
Vocês com todo meu pilim
Num segundo eu posso cair
Mas a seguir ter bases para subir

Tanto trabalho 
Para no final sermos reconhecidos como a bela e a fera
Não quero ser uma sombra daquilo que eu era
Mas sim, o teu agasalho
Tanta mudança e eis o ganho
A vizinhança vê-me como um estranho
Não quero ser uma sombra daquilo que eu era
Mas sim, o teu agasalho

Amor ferido por favor olha para mim quando estou a falar contigo
Se não olhares, eu vou supor que me vês como um perigo
É verdade que fiquei com os nervos à flor da pele quando percebi que o teu ser estava desprotegido
Acho que foi o medo de te perder que me transformou num assassino
Estou preparado para abraçar o meu destino
Tanto trabalho
Por causa de uns, todos pagam
Não aceito ser colocado no mesmo saco
Digo isto porque em momento algum me vejo envolvido em esquemas de furtos e roubos
Talvez eu seja parecido com o Robin dos bosques
Roubo mas é para tirar dos ricos e dar aos pobres
O que estão a fazer comigo é um exagero
Já disse mil e uma vezes que o fiz por desespero
Nem por sombras quero ser uma sombra daquilo que eu era
Eu e o meu amor, ficamos os dois a comemorar o dia de são Valentim
Vocês ficam com todo meu pilim
Num segundo eu posso cair mas a seguir, ter bases para subir

Tanto trabalho 
Para no final sermos reconhecidos como a bela e a fera
Não quero ser uma sombra daquilo que eu era
Mas sim, o teu agasalho
Tanta mudança e eis o ganho
A vizinhança vê-me como um estranho
Não quero ser uma sombra daquilo que eu era
Mas sim, o teu agasalho

Quando se trata de família, amigos e colegas
Eu não lhes posso dar negas
Quando o passado chama
É preciso coragem para o enfrentar
Quando se trata de família, amigos e colegas
Eu não lhes posso dar negas
Quando o passado chama
É preciso coragem para o enfrentar

Tanto trabalho 
Para no final sermos reconhecidos como a bela e a fera
Não quero ser uma sombra daquilo que eu era
Mas sim, o teu agasalho
Tanta mudança e eis o ganho
A vizinhança vê-me como um estranho
Não quero ser uma sombra daquilo que eu era
Mas sim, o teu agasalho

Eu vou-lhe dar uma apitadela


Se eu quiser ir dar um passeio com ela pela ruela
Eu vou-lhe dar uma apitadela!
Eu vou-lhe dar uma apitadela!
Só assim é que faz todo sentido
Se for sozinho eu vou ficar meio perdido
Deixarem-me sozinho na ruela é um perigo
Não estou a dizer que é por eu ser giro ou não
Mas é que eu tenho sérios problemas de orientação
Só ela consegue mostrar-me a correcta direcção
Então de que é que eu estou à espera?
Vou já fazer uma directa
Hoje não há nada de sesta!
Hoje não há nada de sesta!
Só se fala em festa!
Só se fala em festa!
Quem não se estiver a sentir bem a porta é a serventia da casa
Ainda assim não me importo de ser eu a desempenhar essa tarefa
Não estão mesmo a ver este meu grande sentimento de entrega
Se eu quiser ir dar um passeio com ela pela ruela
Eu vou dar-lhe uma apitadela!
Eu vou dar-lhe uma apitadela!
Porque eu sou o branquelo dela
Porque ela é da opinião, se todos gostássemos do mesmo o que era feito do amarelo?
Provavelmente seria mais um boneco
Sem vida própria
Sem luz própria
Então deixem-me cantar vitória

Este é o meu lugar


Um de nós vai chorar
Sabes porquê?
Porque o amor é para ser vivido a dois
Eu conheço bem o meu lugar!
Só não vê quem não quer
Que a mulher que ambos desejamos viu-te a ti antes de mim
Que a mulher que ambos desejamos não pensou assim logo depois
Porque só eu sei-lhe presentear aquilo que tu não lhe podes presentear
O suficiente para entre vocês não haver mais volta a dar
Eu sei acalentar o seu coração
Coisa que tu não sabes
Transformar noites frias de inverno
Sim, num caloroso verão
A cura para todos os seus males
Para ela isso é de louvar
Quem vai ao mar perde o seu lugar
Eu soube-me afirmar
Dei trela a ela aos poucos e poucos
Ao contrário de ti não precisei de ir para cima dela com piropos
Até porque ela sabe bem as qualidades que tem
Bem como os seus defeitos
Lamento desapontar mas eu e ela fomos feitos um para o outro
No que depender de mim, o nosso ajuntamento será duradouro

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Música para os meus ouvidos



Querido, esta noite nós não precisamos de fazer sala
Isso é música para os meus ouvidos
Querido, esta noite ao que parece nós os dois vamos ficar sozinhos em casa
Quem tem amigos assim não precisa de inimigos
Quem estou a querer enganar
Para mim bonito bonito, são os tomates a bater no pito
 Para o resto, eu estou-me a borrifar
Só quero mesmo é gastar todos os preservativos

Querido, querido, já não há razão para a gente não fazer alarido
Eu pergunto, mas e se alguém da tua família chegar de repente?
Querido, isso hoje não vai acontecer pois eu deixei a porta no trinco
Eu mudo de assunto, pois já percebi que temos os mesmos ideais em mente
Querido, se não te importas põe-te de costas voltadas para mim enquanto me dispo
Mas que eu saiba nunca tivemos segredos um para o outro
Querido, eu estou a ser educada
Eu com sérias dificuldades em manter o acordo
Podes não acreditar mas estás uma brasa
Um homem não é de ferro, também tem os seus momentos de fraqueza
Chegas a ser a minha sorte e a minha desgraça
Querido, querido, é preciso uma certeza
É precisa sim, uma noite bem passada
Em que no fim se escute, ufa!
Sem aquele inconveniente lufa-lufa
Podes crer, querido

Querido, esta noite nós não precisamos de fazer sala
Isso é música para os meus ouvidos
Querido, esta noite ao que parece nós os dois vamos ficar sozinhos em casa
Quem tem amigos assim não precisa de inimigos
Quem estou a querer enganar
Para mim bonito bonito, são os tomates a bater no pito
Para o resto, eu estou-me a borrifar
Só quero mesmo é gastar todos os preservativos

Precisamos mais do que nunca de encontrarmo-nos unidos
Perdermos os sentidos enquanto transamos é música para os meus ouvidos
Temos de fazer uma festa com pompa e circunstância
Lançar foguetes e apanhar as canas
Mas nunca a pontos de sermos levados numa ambulância
Se forem espertos podem reparar que temos calçadas barbatanas
O que significa que é impossível irmos ao fundo
Esqueçam, estão trancadas as ventanas
Os minutos e os segundos vão passando à medida que eu te besunto
Que minha querida, me besuntas e perguntas
Posso-te prender com algemas?
Eu respondo que aqui tem de ser tudo com muito amor e carinho
Por isso se for para o fazeres que não me deixes com hematomas
Caso contrário volto para o meu cantinho
Mas ambos sabemos que estamos prometidos
Não nego que sou adepto assumido do, os vizinhos foram todos corridos pelo teu amorzinho favorito, é música para os meus ouvidos

Querido, esta noite nós não precisamos de fazer sala
Isso é música para os meus ouvidos
Querido, esta noite ao que parece nós os dois vamos ficar sozinhos em casa
Quem tem amigos assim não precisa de inimigos
Quem estou a querer enganar
Para mim bonito bonito, são os tomates a bater no pito
Para o resto, eu estou-me a borrifar
Só quero mesmo é gastar todos os preservativos

Música para os meus ouvidos
Música para os meus ouvidos
Música para os meus ouvidos
Ouvidos
Música
Para os meus

Número 13


Sou o número 13
A mim tudo me acontece
Que se dane o número 7
É a mim que tudo me acontece
Quando estou a comer tenho de meter um babete no pescoço como se fosse uma criança
Sou o número 13
Eles dizem que é o número da bonança mas eu sou da opinião que o número 13 é o número da desgraça
Porque faça o que eu faça tudo dá errado
Até o meu passado que eu julgava encontrar-se morto e enterrado voltou à vida
Então como querem que eu mantenha a cabeça erguida?
Tenho assim a vida mal servida
Tantas quedas e poucas promessas de que a vou conseguir levantar pronto para a enfrentar
A quem é que eu estou a querer enganar
É tanga quando digo que tenho uma série de cartas na manga
Chega o serão e a coisa nem levanta
A mim não me espanta
Eu sou o número 13 
Desde que nasci que eu percebi que estava condenado ao fracasso
Só causo embaraço a todas as pessoas que se encontram ao meu redor
Quem me dera ser o Cristiano Ronaldo
Considerado o melhor do mundo
Eu ao invés andei no judo e logo na primeira semana fui atirado ao tapete por uma miúda
Não fosse o número 13, o número obscuro

domingo, 12 de novembro de 2017

Sou muito mais além do que aparento ser



Confesso, já estou um bocadinho cansado
Eu não gosto de me repetir
De repetir para mim mesmo, bem como para todos vós o mesmo enunciado

A viverem no céu ou na terra espero que me estejam a ouvir
Estou condenado ao fracasso desde o dia que nasci
Se querem saber mais detalhes, sigam-me até ao hospital santa Maria
Os momentos iniciais foram marcados por emoção, lágrimas de alegria
Momentos esses que acabariam por se revelar de pouca dura
Transportador de um hemangioma facial, doença para a qual não havia cura
Os minutos e as horas passavam e eu só conseguia observar a dor a aumentar
Tive de andar com um sujo de um capuz para me salvaguardar
Mas nem isso chegou para impedir muita gente de atirar a toalha ao chão
Mais engraçado foi quando mais tarde vieram comer na minha mão
Com a verdadeira intenção de terem o meu perdão mas quem perdoa é o senhor
Eu consigo guardar somente mais e mais rancor
Não tenho culpa por todo este meu alvoroço, se eu pudesse escolher, escolhia nascer num berço de ouro

Só quem mora no convento é que sabe bem o que lá vai dentro
Uma batalha emocional onde escolho a emoção que ganha
  Por outras palavras, sou muito mais além do que aparento ser
Ponto final, fim da conversa
Só quem mora no convento é que sabe bem o que lá vai dentro
Uma batalha emocional onde escolho a emoção que ganha
  Por outras palavras, sou muito mais além do que aparento ser

Dizem que eu aparento ter menos idade do que aquela que realmente tenho
Fico com dúvidas se devo tomar isso como respeito ou se devo tomar por desdenho
Eu não sei se já disse mas sou um pessimista de todo tamanho
Até posso agarrar um trabalho com unhas e dentes e mesmo assim dizer que não houve empenho
Acho que já me está no sangue complicar o que é claro
Bem como descomplicar o primeiro disparo
Na verdade é muito fácil me fazerem perder a paciência
Basta associarem-me ao mundo da ciência
Vê-se mesmo que não sabem o que eu penso acerca desse campo
Acreditem que não estou a exagerar quando digo que o campo da ciência me dá sarampo
Além do mais viver preso aos telefones é meio caminho andado para chegar a um ponto sem retorno
Esse ponto chama-se nada mais nada menos do que transtorno
Eu até evito andar debaixo das suas saias
A prova é que deixo o meu telemovel em casa quando vou limpar chaminés para a Damaia
Mas nem assim as memórias e lembranças me deixam de atormentar
Então eu tenho que estar com a preocupação de inventar diversos traços
Só Deus me pode julgar!
Acho que já deu para perceber que eu não sou homem de cruzar os braços

Só quem mora no convento é que sabe bem o que lá vai dentro
Uma batalha emocional onde escolho a emoção que ganha
  Por outras palavras, sou muito mais além do que aparento ser
Ponto final, fim da conversa
Só quem mora no convento é que sabe bem o que lá vai dentro
Uma batalha emocional onde escolho a emoção que ganha
  Por outras palavras, sou muito mais além do que aparento ser

Eu só quero cometer erros para mais tarde os poder converter em acertos
Penso que a minha face apresenta grandes progressos
Não foi nada fácil pois colocaram-na uma hipocrisia
Para terem uma pequena noção o seu cheiro dava-me uma enorme azia
A última imagem de que eu me recordo é de um touro a ser segurado pelos chifres
Eram tantos que nem tempo tive de me pôr a cantarolar os três tristes tigres
Só de pensar que podia ter ido desta para melhor
Mas a verdade é que ainda aqui estou e quando olho para trás acho-me o Thor
Nas minhas últimas operações eu supliquei pelo uso do pénis
Durante o meu sono a minha cara igualava-se a uma bola de ténis
Enquanto a bola é chicoteada pela raquete
A minha cara é cosida com um bandalho de um alfinete
O que vale é que eu estava anestesiado
Senão acho que tinha de meter em prática tudo aquilo que vi no filme fragmentado
Ao lado escutamos o choro da pobre mãe que acaba de ficar sem o filho
Ficamos assim tanto um como o outro sem conseguir dormir, é de tirar o brilho
O que importa é que estou vivo
Enquanto há vida há esperança
Isso faz-me ficar com um nó na garganta
Será que eles sabem ao menos que é todo esse para arranca que me alimenta?
Se não sabem deviam saber
Que eu sou o João Braga, o nascimento de uma lenda

Só quem mora no convento é que sabe bem o que lá vai dentro
Uma batalha emocional onde escolho a emoção que ganha
  Por outras palavras, sou muito mais além do que aparento ser
Ponto final, fim da conversa
Só quem mora no convento é que sabe bem o que lá vai dentro
Uma batalha emocional onde, escolho a emoção que ganha
  Por outras palavras, sou muito mais além do que aparento ser