sexta-feira, 14 de abril de 2023

O mergulho nas trevas


O mergulho nas trevas
Não é um simples passeio
É o caminho das pedras
Uma dor no peito!
Experimenta beijar o paraíso
Sem fogo nem desejo
E verás que que ele não é o caminho
É apenas mais um beijo
Não tens onde cair morto
Nem as trevas de ti ousam saber
Elas esperaram que saisses da tua zona de conforto
Mas tu preferiste continuar a sentir o teu coração a bater
Agora pede redenção
Pede com com muito jeito
Talvez mergulhe nas trevas o teu coração
Sem margem para defeito




quarta-feira, 12 de abril de 2023

Adeus poesia


Com muito pesar, me despeço
Dos poemas que escrevi e rescrevi
Hoje morar longe deles é tudo o que eu peço
Vivemos momentos incriveis mas tudo tem um fim
Eu cresci me tornei um homem feito
Não tenho tempo para palavras
Todas as palavras que tinha escritas no meu diário
Decidi arruma-las no meu armário
As palavras estão gastas
O poeta já não é o que era
Peço desculpas a quem sempre acreditou em mim
Não deve ser fácil receber uma bomba dessas
Um dia ainda me vou rir de tudo isso
Até esse dia chegar eu faço os preparativos
Retiro a aliança do meu dedo
Saboto o nosso casamento
Eu me retiro para o silencio na nossa noite de nupcias
E então eu estou diante da minha ultima letra de musica
Ainda nem escolhi um tema
Mas eu já sabia que um dia isto tinha de acontecer
Eu só não sabia quando nem porquê
Mas sabia que a poesia e eu não tinhamos nada a ver
Eu sei que é feio dizer que sou um estranho
Seria mais fácil encara.la olha-la nos olhos
E dizer que ainda a folheio
Não sei de onde veio todo esse medo
Se veio ou não de dentro
Medo de não ser perfeito, de ser o patinho feio
Mas é o que eu sinto quando me olho no espelho
(No espelho, no espelho), no espelho (no espelho, no espelho
Não sei de onde veio todo esse medo
Se veio ou não de dentro
Medo de não ser perfeito, de ser o patinho feio
Mas é o que eu sinto quando me olho no espelho
(No espelho, no espelho), no espelho (no espelho, no espelho
As palavras perderam a beleza
Que tinham antes de me conhecer
Foi ao me conhecerem que houve uma grande diferença
As palavras já não eram faladas da mesma maneira
E eu fiquei em brasa não vou negar
Que as queria no seu perfeito estado e até me ofereci para as regar
Mas elas preferiram ser regadas por outra mangueira
O chão caiu sobre mim, tudo caiu sobre mim naquele momento
E eu não quero ser distante das palavras
Quero as ter do meu lado, bem regadas
E eu não quero ser substituido por outra cheia de peneiras
Só porque foi escolhida fruto de uma desavença
Quero que seja escolhida porque houve um bom divórcio
No final quem ficou mal foi o nosso planeta
Ficou orfão de essencia, orfao de ideias
Será que as palavras não tem olhos na cara
Para perceber que nós temos de nos unir
Quem ganha é quem fez de tudo para nos destruir
E eu não posso deixar o meu corpo ir por aí
Deixar o corpo ir rumo ao covil
Eu vou fazer um esforço
Vou me despedir da escrita
Vou mostrar que é por ela que eu torço
Espero que ela seja bem sucedida
Se ela for bem sucedida eu também serei aos olhos do povo
Não sei de onde veio todo esse medo
Se veio ou não de dentro
Medo de não ser perfeito, de ser o patinho feio
Mas é o que eu sinto quando me olho no espelho
(No espelho, no espelho), no espelho (no espelho, no espelho
Não sei de onde veio todo esse medo
Se veio ou não de dentro
Medo de não ser perfeito, de ser o patinho feio
Mas é o que eu sinto quando me olho no espelho
(No espelho, no espelho), no espelho (no espelho, no espelho



Minha verdade


Descobre a tua verdade
Esfrega-a na cara da tua irmandade
Mas não o faças com leviandade
Cabeça fria na hora do embate
Na hora do embate
Mostra o que vales
Este sou eu, um ser fugitivo
Fujo de mim, de tudo o que escrevo
Sinto que tudo o que escrevo não é significativo
Que é só mais sermão sem conteudo nem relevo
Então fujo, fujo deste mundo sujo
Sem dar a cara eis que surjo
Tanto coisa mudou desde que eu saí
O país ficou mais pobre
A verdade que ninguém queria ouvir
Hoje veio à tona por uma causa nobre
Fazer cada coração cair em si
O mundo é quem mais consome
Consome mentiras dificeis de assumir
Que eu fuji porque quis
Eu fuji porque não tinha outra alternativa
Porque o país em que sempre vivi
Tocou com o dedo na ferida
Pôs o meu trabalho em causa
Eu trabalho para ter uma vida
Não terei uma vida se fizer uma pausa
Parar é morrer e eu quero mostrar
Que é sentida a minha falta
Ao dar um passo atrás
Já não sinto a minha aura
Mas sinto uma força
Que me empurra
Essa força toda
Que me faz gritar Hip, Hip hurrah!
Descobre a tua verdade
Esfrega-a na cara da tua irmandade
Mas não o faças com leviandade
Cabeça fria na hora do embate
Na hora do embate
Mostra o que vales
Nunca te cales
Se eu pudesse, eu seria a cura
Para todos os males
Mas não sou, sou uma triste figura
Em decadencia, tu é que não sabes
Da missa a metade, a verdade que circula
Por estas bandas é a que me vincula ao diabo
A mesma que me turtura noites a fio
É um cabo de trabalhos, sente só o arrepio
Que me dá na espinha
Aposto que querias estar no meu lugar
Viver enjaulado na tua própria verdade
Sem poder contar a ninguém
Uma verdade inglória levada para a maldade
Olha só, hoje é o teu dia de sorte
Não tens ninguém que te incomode
Tens o por do sol que desponta no horizonte
Agarra nesse sol a joga-o no subsolo
Abre um buraco sem fundo
Faz sentir o teu barulho
Assume-o sem medo
Tu és o que és
E não o que apontam com o dedo
És o homem mais bonito da cabeça aos pés
Dos pés à cabeça, confia em ti mesmo
E o tempo encarregar-se-á de pôr cada macaco no seu galho
Antes de avaliares um livro lê bem o cabeçalho
Nele estão as respostas que procuras
O cabeçalho é o responsável por abrir a fechadura
Da porta pela qual eu saí não por miaufa
Mas por motivos de ajuda
Retiro espiritual que perfura
A mentira de uma vida boa
Releftida numa vida dura
Todos sabemos que o tempo voa
Eu sei porque eu parti
Passou tudo tão depressa
O inverno deu lugar à primavera
A primavera deu lugar ao verão
O verão deu lugar ao outono
O outuno deu lugar ao inverno
E eu descobri que sou dono de mim
Não devo nada a ninguém
Não tenho de dizer só porque sim
Que me odeio só para ver o outro bem
A verdade é que sou o que sou
E não o que descreves
Lá porque comi o pão que o diabo amassou
Não significa que seja o abominavel homem das neves
Descobre a tua verdade
Esfrega-a na cara da tua irmandade
Mas não o faças com leviandade
Cabeça fria na hora do embate
Na hora do embate
Mostra o que vales
Nunca te cales
Essa é a arte



terça-feira, 4 de abril de 2023

A balada melancólica (a balada dos felizes para nunca)


A balada mais melancólica
É a balada das doze badaladas
A balada em que a cinderela foge da cerimónia
Em busca do seu cavaleiro de espadas
A balada mais melancolica
É a balada das doze badaladas
A razão é mais do que óbvia
Cinderela não me olha mais com as mesmas palavras
A balada mais melancolica
É a balada das dozes badaladas
Ao mesmo tempo, a balada mais diabólica
A balada que tem tiros e balas!
A balada mais melancolica
É a balada das doze badaladas
Ondes os tiros e balas são fruto da minha raiva
O medo que eu tenho de perdê-la é a a razão dessa discórdia
A balada mais melancolica
É a balada das doze badaladas
Nela não há cenas eróticas
Mas sim, cenas dramáticas
A balada mais melancolica
É a balada das doze badaladas
O momento em que o motivo da derrota vira vitória
Isto merece uma salva de palmas
A balada mais melancolica
É a balada das doze badaladas
A mais melancolica para este cavalo de tróia
Que só queria ser cavalgado pela namorada
A balada mais melancólica
É a balada das doze badaladas
É a maior balada da história
E o pior conto de fadas
A balada mais melancolica
É a balada das doze badaladas
Não seria melancolica essa balada
Se as doze badaladas ficassem na pré historia
A balada mais melancólica
É a balada das doze badaladas
A balada em que o meu coração chora
E implora pela sua chegada



domingo, 2 de abril de 2023

Seu caos

 

Nasce um ser humano
Neste mundo sem freio
Morre num mano a mano
Sem saber ao que veio
Renasce por engano
O mal já está feito

O homem embruxado
Será defeito de fabrico?
Tem trabalho puxado
No pico do arieiro

Eis que surge a ressurreição
Da pressa do homem
Inimiga da perfeição
Ontem já era tarde
Para a eleição
Pra prefeito

O homem embruxado
Será defeito de fabrico?
Tem trabalho puxado
No pico do arieiro

Que os céus sejam pacientes
Esperem por mim no futuro
Que estejam bem cientes
Que hoje eu sou o caos no mundo

Que os céus sejam pacientes
Esperem por mim no futuro
De portas abertas de gente
Que estejam bem cientes
Bem coniventes
Que hoje eu sou o caos no mundo