quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

 

O dia em que eu fui morto pelo amor


Olhos negros cor do carvão

Eu pude sentir dentro de mim a dor

Mas nunca maior que a desilusão de um coração partido

A dor do despertar do amor

Despertado em vão

Por vis mãos


Rita, cara bonita

A responsável por esta dor maldita

Que no meu peito grita

Tao aflita

Voz que dita

A véspera de uma desdita


2011 Escola Pintor Almada Negreiros

Chovia aguaceiros

Choravam se medos e receios

Ao lado da mentira

Eu pernoitava dias e dias


Nao, que culpa tinha eu

Pelo facto do meu coração gritar o seu nome

Que culpa tinha eu

De carregar um peso tão grande sobre os meus ombros


Nao queiram estar no meu lugar

Sentado no trono como se fosse um rei

Mas nao tendo ninguém em quem mandar

Pelo contrario, tinha alguém

Alguém que mandava em mim

Sem eu querer.

Sem eu consentir.


Sempre fui a favor daquela velha expressão

Por trás de um grande homem esta uma grande mulher

Foste grande. foste soberba, delineaste tudo ao pormenor

A tua magoa, a tua tristeza, que nem eram tuas sequer

Eram minhas, Minhas

Estas linhas que hoje escrevo

São minhas

Nao são ervas daninhas

Arrancadas in ex tremis


Nao sabes o que e estar a beira do abismo

Querer recuar mas ter o diabo sempre a empurrar

Sempre mais um bocadinho

Porque nao eras tu a atuar

Era eu a atuar

Era a minha deixa

Roubaste a minha deixa

E agora vou fazer queixa

E todos os meus exemplares estarão a venda em todas as feiras

Ate as freiras com quem convives

Vão querer comprar mais um 

E mais outro

E mais outro

Na porto



Ouvi alguém cantar um dia

Quem perdeu

Foste tu só tu e nunca eu

Com certeza houve alguém que perdeu

Foste tu

Perdeste quem realmente dava tudo por ti

Dava a carne que tem dentro de si

Aquela carne comestível

Essa mesma eu dava tudo 

Para que nao te faltasse nada

Mas tu e esse orgulho

Andam sempre de mãos dadas


Espero que as pessoas

Que as pessoas leiam

Que as pessoas se revejam

E percebam que nao e o amor que magoa

São elas que magoam

São as pessoas

Raparigas, rapazes

Mas nunca as esposas

Essas estão no altar

Nunca descem do seu pedestal


Passei noites em claro

A chorar e a perguntar

Porque e que tinha dado errado

E sem ninguém para me ajudar

Tive de fazer o luto sozinho

No fim do dia era eu contra o mundo

O mundo contra mim

E no fundo eu era só mais uma pedra no teu caminho


Eu sei que tenho razão nao tenho

Se estou a chorar

Estou, estou a chorar e nao me contenho

Nem vou conter nem mais uma lagrima

Vou chorar ate que o meu livro se faca surgir

Este livro ainda vai fazer correr muita tinta

Terá muita pinta e conteúdo


2012 escola pintor Almada negreiros

Como se costuma dizer mesmo

As grandes batalhas são dadas aos grandes guerreiros

Esta mesmo a tua frente

Sou um desses

Um desses guerreiros

Gente de palmo e meio

Viraste te contra pessoa que te amava

Preferiste querer ver a minha queda

Mas o que nao contava era que eu te desse a outra face da moeda

Uma aprovação tão doce para mim e para ti tão amarga


2013 Perguntaste-me para que escola eu ia

Eu respondi te, Rita, vou para a escola padre Antônio vieira

Enquanto a tua mascara caia

E me davas a entender que querias ir para mesma escola que eu

Francamente Rita, turismo para no fim acabares por optar por animadora sociocultural

Que bela porcaria, nao era o que dizias

Mas tão depressa arranjaste um substituto

E tão bem que me fazias

Mas tão bem

Mas quiseste assim

Ver o pior de mim


Uma mulher pode ser vingativa

Mas um homem nao pode

Porque já toda a gente esta a espera

Nao seria algo tão marcante

Uma amiga minha disse me

Se quebras a minha confiança

Eis que terás vingança


Eu esperei

Mandei uma mensagem a saber se contigo estava tudo bem

Olá João, estava a almoçar a essa hora desculpa

E eu aceitei

Porque eu queria acreditar que era verdade

Porque eu queria acreditar que nao tinhas culpa

Mas tinhas, e isso causa me uma espécie de repulsa

E estranho pensar que conhecemos as pessoas 

E afinal nao são nada do que estamos a espera

Porque tu mudas

Porque tu mudaste

E tu nem calculas

O tamanho do buraco que criaste no meu coração


Comecei a escrever

Queria esquecer tudo o que estava a acontecer

Mas parece que as coisas em vez de melhorar só pioravam

Tinha ataques de raiva

Nao conseguia ir a praia

Porque sempre que ia a praia tinha de me vir embora mais cedo do que esperava

Eu mandei uma mensagem

Eu disse que ia morrer

Mas tu nao quiseste saber

Para tua infelicidade eu sobrevivi

Tive um ataque pânico

E estou aqui

Para te dizer que este meu lado satânico

 Nao foi despertado só porque sim


Nunca vou esquecer

A maldade que me fizeste

Os boatos que espalhaste a dizer

Que eu era um cafajeste


O dia em que eu fui morto pelo amor

Tu nunca iras esquecer

Porque eu farei sempre questão de te relembrar

O quão atordoador foi


Em breve parte dois