Meu coração grita em silêncio
Grita em silencio quando o pano se abre
E a mim se junta o resto do elenco
Para fechar a peça com chave de ouro
Nas mãos tenho a deixa
Mas a deixa não a sei de cor
Como irei beijar as palavras
Como um poeta beija
No seu melhor
Como, um bacalhau com natas
Que se cozinha ao mais pequeno pormenor
Com muito amor e paixão
Com muito amor e com os pés bem assentes no chão
Algo errado se passa com a cena final
Onde está escrito ´´felizes para sempre´´?
Onde o bem supostamente vence
Onde o bem não me convence
Entro no ringue e cerro os dentes
Desta vez é diferente
Eu posso sentir
Desta vez eu irei em frente
Chega de fugir
Bora encarar o presente
Contra tudo e contra todos
Desafiar as leis da gravidade
Sinto-me livre, leve e solto
Como um coração sem dono
Que grita pelo seu nome
Que é jogado como uma bola de ping pong
Desde Portugal a hong kong
Teatro és tu quem eu quero bem perto
Mas tão longe de mim hoje
Poesia é tudo o que eu quero
Eu amo o que ela esconde
Eu amo o que ela tem dificuldade em desvendar
Alguem decidiu vendar a sua fantasia
Alguem decidiu emendar a porcaria que fez
Alguém decidiu me recompensar com um jogo de xadrez
A poesia está cansada de esperar a sua vez
E eu estou cansado de decorar falas que mais ninguém lê
Meu coração grita em silêncio
Grita em silêncio quando o pano se abre
Quer falar mas prefere engolir o sofrimento
Tanto sofrimento que não cabe numa frase
Tanto sofrimento que não cabe num cartaz
Tanto sofrimento que só sabe quem passou lá dentro

Nenhum comentário:
Postar um comentário