quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Anjo da guarda



Hoje sem permissão o meu coração foi baleado

Cai sem reacção para o lado
O coração ainda batia
Mas eu não sentia


Não havia espaço

Nem para sentir a mão.
Sentir o braço.
E muito menos o coração!


No meu sonho estava bem rijo

Eu e essa mulher fugíamos à morte
Nos escondíamos em nosso secreto esconderijo
O nosso habitual contraforte



Nos encontrávamos às mil maravilhas

Fazíamos sexo
Mais tarde tínhamos as nossas filhas
E para culminar um luxuoso anexo



Mas havia algo que não batia certo

Tanta felicidade era no mínimo de suspeitar
Sinal que o perigo estava perto
Eu sei que me vão matar!



Assim do nada ouço um tiro

Zás! Pela ventana
Da mesma forma minha mulher escuta um suspiro
De um ser com o coração em pantana


Fui atingido no ponto vital

O coração!
E tenho uma inegável sensação
Que foi mortal


Mas ouço um choro

São lágrimas de mulher e isso é certo
Também sinto uma alma bem perto
É esse pedaço de soro


Me mantinha acordado

Mesmo sem eu dar pela sua presença
Tinha por mim tamanha crença
Mesmo quando tudo parecia ter acabado


Por magia acordo

E para meu espanto
Lá está o teu coração a bordo do meu
O que me valeu mesmo foi o teu persistente pranto


Sempre em volta da minha braguilha

Também já me deixava de ousadia
Até porque mesmo em outra ilha
Também lá estava eu vezes sem conta em volta da tua saia


Dizias tu sem esperar algo em troca

Meu amor deixa-me ser o teu anjo da guarda
Ficar em redor da tua boca
Sempre que soe o som da espingarda


Eu aceito a tua oferta

Até porque tu fazes tudo para me ver em segurança
Minha alma até pode estar para o opositor descoberta
Mas as tuas lágrimas me dão esperança


A morte não se pode ficar a rir

Ainda temos tanto por viver
A porta da felicidade, nós vamos abrir
E os bons sonhos que restam os voltar a reviver




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