sábado, 2 de julho de 2016

O corredor


As horas passam
Ainda estou acordado
Agarrado ás memorias que viajaram
Ás memórias que hoje regressam
As horas passam
Tenho uma garrafa de vinho na mão
Tenho alguns estilhaços do copo por entre o meu coração
Ouço passos
Lá fora não se ouve ninguém
O som vem do corredor
Desligo o televisor
Pensava ser do efeito do vinho
Ignoro aqueles sons
Vou dormir que já se faz tarde
Caminho em direcção ao quarto ainda sob o efeito da bebida
Já vou todo bêbado a cambalear por aquele corredor que mais parece um deserto
Não vejo o fim, a hora de chegar á minha cama
Nisto observo uma imagem á primeira vista desfocada
A medida que avanço, a imagem do mesmo modo avança e ganha forma
É então que do nada ouço tocar a banda sonora do gritos 4
A luz do corredor essa se apagou
Pela primeira vez começo a entrar em pânico
Deixo de ouvir passos
Respiro de alivio
Então ouço um breve suspiro,
Um sussurro ao ouvido
Me viro de costas
Surpreendido pelo satânico eu
Minha imagem de criança
Um televisor com momentos da minha infância
Boquiaberto ao que me estava a suceder
Queria sair dali mas as minhas pernas não pensavam do mesmo jeito
Foi então que optei por cerrar os olhos
Os próprios não me deixavam ferrar no sono
Faziam questão de ficar abertos só para me fazerem sofrer
Mesmo sem eu querer teria de permanecer impávido e quieto
Coração irrequieto... então sem escolha aproximei o meu rosto mesmo na frente do televisor
Com imagens, com o negro cor de eleição a predominar o televisor
Então era mais uma alma a ser levada, tomada como refeição para Satanás 
E a partir daquele dia em câmara de video vigilância se vê uma casa desabitada como tantas outras por aqueles lados..



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